Simplicidade e estilo nostálgico são a marca registrada dessa Sportster 883, a primeira HD customizada pela oficina Rock´n Cycles

Matéria originalmente publicada em Rod & Custom 21. Complete a sua coleção! http://www.lojastreetcustoms.com.br/revistas/revista-rod-custom-21.html
Por Claudia Cardinale
Fotos Bruno Guerreiro
Matéria originalmente publicada em Rod & Custom n° 21. Complete a sua coleção: http://www.lojastreetcustoms.com.br/revistas.html

A década de 60 foi pródiga em “exploitation movies” sobre motocicletas, como Motorpycho, de Russ Meyer, e Wild Angels, de Roger Corman, este último já com Harleys e um elenco mais apurado, tendo Peter Fonda e Nancy Sinatra nos papéis principais. A popularidade de tais produções atingiu seu ápice com o lançamento, em 1969, de Sem Destino (Easy Rider), produção que difundiu a construção de motocicletas customizadas graças a “Capitão América”, a famosa HD especial criada por Cliff Vaughs e Bem Hardy.

Não demorou e a moda pegou no Brasil, sendo que, na década de 70, muitas motocicletas antigas começaram a ser transformadas. Assim, por exemplo, surgiu a Motovolks que, com motor VW 1500 e pedaços de quadros de HD e Indian, foi montada em 1976 por Luiz Gomide e José Biston, originando a Amazonas. Esta última, por sua vez, marcou a época do esgotamento de peças americanas para a construção HDs especiais, realidade que só foi alterada nos anos 90, graças a reabertura dos nossos portos, o que permite hoje a montagem de máquinas como a aqui apresentada, construída pela Rock´n Clycles localizada na Rua Tabapuã, 1348, em São Paulo, SP. Um local diferenciado, que destaca em um único local uma oficina para serviços gerais e customização, show room, lava rápido, bar e loja para venda de roupas tanto de grife própria quanto de marcas americanas.

Não deixa de ser curioso perceber que, se hoje temos um mercado de HDs customizadas, isso se deu graças à “canetada” do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Tal atitude, além de infestar nossas ruas com carros da marca Lada, também permitiu a entrada das motocicletas fabricadas em Milwaukee, Wisconsin, através do Grupo Izzo. Muitas delas entraram desde então e, apesar dos modelos antigos não terem se desvalorizado como ocorreu nos anos 70, hoje é possível comprar boas máquinas usadas com preços razoáveis e criar modelos personalizados com certa facilidade.

Exemplo disso é a Sportster XL 883 Custom 1997 feita por Fabio Diniz, uma moto que, no mercado de usadas, custa pouco mais de R$ 14 mil (tabela FIPE) e foi convertida em bela máquina de estilo original: “Esta foi a primeira motocicleta desenvolvida por nós desde a inauguração da empresa, o que ocorreu em setembro de 2011, muito embora ela tenha sido adquirida a cerca de dois anos. O curioso é que a Sportster está com apenas 2 mil km rodados”, destacou Fábio Diniz, proprietário da Rock’n Cycles.

De visual inovador e nostálgico, esta HD foi projetada com base no padrão estético pessoal do próprio Fábio, um apaixonado por motocicletas desde a infância e que, com uma Electra Glide, já percorreu mais de 50 mil km de estrada por quase todos os estados americanos e as montanhas rochosas do Canadá. “Em meio a essa viagem conheci muitos customizadores, bem como inúmeros projetos, referências com as quais desenvolvi meu próprio conceito e fiz as mudanças na Sportster”.

A mecânica ainda é original, caso do motor OHV arrefecido a ar de dois cilindros em V e 53,9 polegadas, equipado com injeção de combustível ESPFI (Electronic Sequential Port Fuel Injection) e cabeçote de alumínio (taxa de compressão de 8.9:1), que desenvolve cerca de 51 cv (SAE) a 6 mil rpm e torque máximo de 7,0 kgf.m a 4.200 rpm. O câmbio é de cinco velocidades e apresenta transmissão final por correia. O freio dianteiro, antes duplo, foi eliminado, enquanto o traseiro, originalmente simples, passou a ser duplo. Os discos tem 292,1 mm de diâmetro.

Totalmente refeito, o quadro foi baseado nas HD Panhead da década de 50 e não utiliza da suspensão traseira, sendo, portanto, do tipo “rabo duro”. O visual da motocicleta foi simplificado ao máximo, mas o tanque ganhou pintura especial e houve a adoção de um comprido encosto para o garupa, muito embora não exista banco para o mesmo: este só existe para o condutor e é do tipo selim, com molas incorporadas. O para-lama dianteiro foi eliminado e os escapamentos tem novo formato. Não é possível ficar indiferente a alguns detalhes curiosos da moto. Exemplo disso é o velocímetro, com hodômetro digital e graduado até 320 km/h. Antes fixado na “mesa” da moto, o instrumento agora se encontra fixado no lado esquerdo do quadro, entre o tanque e o selim. O guidão é de desenho próprio, também muito diferente do original, e os pneus e rodas utilizados tem diâmetros diferentes. Uma cabeça de cavalo estilizada, símbolo da empresa, uma referência ao Pólo, esporte praticado profissionalmente pelo proprietário da oficina durante quinze anos, pode ser vista em diversas peças especialmente desenvolvidas para esta HD.

“Desde o início deste projeto, nosso objetivo foi o de deixar a Harley com um visual antigo, porém como uma ótima dirigibilidade tanto na cidade quanto na estrada”, contou Fábio. Exposta no show room da Rock’n Cycles a moto aqui apresentada encontra-se lado a lado com outros modelos clássicos, tais como as HD Flathead 1938, Panhead 1950, 1957 e 1958, Knucklehead 1945, 1946 e 1947 e Shovelhead 1973. Também estão lá máquinas inglesas como as Triumph TR6 1967, 500 1967 e Bonneville 1972, entre outras.
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