Street Customs - Notícias, Carros, Fotos, Vídeos, Wallpapers, Hot Rods, Som Automotivo

Larry Wood, o gênio da Hot Wheels

Nascido em New England, Connecticut, EUA, Larry Wood, filho de um jogador de futebol americano e de uma professora, considerado atualmente um dos mais respeitados designers dos Hot Wheels, desde criança já apresentava talento para diversos tipos de desenhos.
 
 
 
Matéria originalmente publicada em Rod & Custom n° 11. Complete a sua coleção: http://www.lojastreetcustoms.com.br/revistas.html 

Por Cláudia Cardinale
Fotos Marcello Garcia


Aos quatorze anos se deparou pela primeira vez com uma revista de carros e, desde então, resolveu incluir a leitura destas entre seus passatempos preferidos. De tão interessado pelo assunto, no ano seguinte Larry construiu seu próprio veículo (sim, um carro de verdade) e passou a utilizá-lo em pequenas competições automotivas na cidade onde morava. Apesar dos elogios quanto à precisão e riqueza de detalhes do veículo, Larry ainda os preferia em forma de desenho e, por este motivo, não pestanejou ao receber uma proposta de compra. Certo de sua vocação para os desenhos, em 1965 formou-se em design automotivo pelo Art Center College, uma das mais importantes escolas do tipo dos EUA. Pouco tempo depois já fazia parte do departamento de designer dos famosos Hot Wheels. Iniciava-se aí uma bela história para todos aqueles que consideram o trabalho uma verdadeira diversão. Afinal, Larry simplesmente se apaixonou pelo que faz. Em visita ao Brasil, para participar da 2ª Convenção Nacional de Hot Wheels, que ocorreu no piso térreo do Shopping Eldorado, em São Paulo, SP, nos dias 18 e 19 de julho deste ano, Larry Wood reservou espaço em sua agenda e concedeu uma entrevista para a equipe da revista Rod & Custom. Em um ambiente de grande descontração o designer, extremamente simpático, falou um pouco da sua trajetória de vida, trabalho e, principalmente, planos para o futuro. Acompanhe abaixo os principais trechos desta conversa. 
 
  

Rod & Custom: Qual foi o seu primeiro emprego?
Larry Wood: Em uma empresa que construía motores para aviões. O trabalho era bastante artesanal. Desde o colégio eu nunca gostei de matérias complexas como a matemática, por exemplo. Minha paixão era e ainda é trabalhar com algo que eu possa fazer com as minhas próprias mãos, de forma artesanal.

R&C: Como foi o início da sua história na Ford Motor Company?
LW: Foi uma grande experiência. Eu estava no último ano do meu curso de design. Naquela época era comum as instituições educacionais manterem convênios com grandes empresas, entre elas a Ford. Cinquenta alunos foram escolhidos para concorrer a algumas vagas dentro da companhia. Apenas seis foram contratados e eu fui um deles.

R&C: Por quanto tempo você trabalhou na empresa?
LW: Permaneci na Ford por três anos. Quando se começa a trabalhar lá, a pessoa obrigatoriamente passa por diversos setores. No meu caso não foi diferente. Algumas vezes eu trabalhava apenas na área de design de interiores, em outras ocasiões era encaminhado para o setor de conceitos e ideias e assim por diante. Eu gostava disso. Aprendi muito durante o tempo em que estive na Ford. O que eu não aguentava mesmo era o clima frio de Detroit. Eu não podia nem andar com a minha moto pelas ruas.
 
R&C: Sua entrada no quadro de funcionários da Mattel ocorreu logo após sua saída da Ford?
LW: Não. Assim que eu saí da empresa mudei-me para a Califórnia. Por lá comecei a trabalhar, como designer, em uma empresa que fabricava poltronas para aviões. Minha entrada na Mattel foi algo curioso. 
 
 
 
R&C: Como assim?
LW: Certo dia fui convidado para uma festa. Chegando lá encontrei vários amigos. Conversa vai, conversa vem e um desses amigos comentou que estava trabalhando na Mattel. Por coincidência estavam com uma vaga para designer dos Hot Wheels. Não pensei duas vezes. No dia seguinte apresentei-me como candidato e conquistei o cargo. O curioso nesta história é que eu nem queria ir a essa festa. Fui mesmo por insistência de alguns amigos. Agora, toda vez que eu falo sobre este assunto para alguém, costumo dizer: compareçam às festas para as quais você é convidado. Pode ser a chance que falta para dar uma guinada em sua vida. 

R&C: Você encontrou alguma dificuldade no início desta sua nova fase de trabalho?
LW: Nenhuma. Como eu trabalhei durante algum tempo como designer de automóveis, simplesmente transferi esse tipo de função para a construção dos carrinhos Hot Wheels. Foi fácil e muito mais divertido. Pelo menos essa é a minha opinião.
 
R&C: De início quanto tempo era necessário para que um Hot Wheels ficasse totalmente pronto?
LW: A ideia é rápida, o mais complicado é a confecção do produto final. Antigamente os moldes eram feitos de madeira e só depois transformados em um Hot Wheels. Às vezes, o processo demorava uma semana. Hoje não mais. Dependendo do modelo é possível fazer a miniatura em apenas um dia. Atualmente os computadores são fortes aliados no processo de desenvolvimento. Eu, particularmente ainda prefiro o modo artesanal, porém os designers mais jovens adoram essas ferramentas modernas
 
 
 
R&C: Qual foi o primeiro Hot Wheels que você desenvolveu e qual a lembrança que você tem deste carrinho?
LW: Foi um modelo esportivo que eu apelidei de Tri Baby. A maior lembrança que eu tenho deste Hot Wheels é a alegria de finalmente ter construído, mesmo que em miniatura, um carro por inteiro, coisa que nunca aconteceu quando eu trabalhava na Ford, local em que me limitavam a desenvolver uma maçaneta, um espelho, ou seja, apenas partes da composição de um veículo.

R&C: De início os carrinhos Hot Wheels não eram tão famosos como hoje. O que foi feito para que eles conquistassem o fascínio de consumidores do mundo inteiro?
LW: Nos primeiros anos os carrinhos eram bem populares, assim como todos os brinquedos. O que aconteceu e ainda acontece é que, depois de vinte anos, as crianças que brincavam com os Hot Whells transferiram esse gosto para os filhos e assim sucessivamente. Acredito que esse tenha sido um dos principais motivos para o aumento da popularidade dessas miniaturas. Atualmente pais e crianças compram os carrinhos.

R&C: Você se lembra de alguma ideia curiosa que tenha ocorrido durante o início da sua carreira na Mattel?
LW: Tenho várias, mas essa que eu vou contar foi demais. Sempre considerei o setor de design da Mattel um local muito divertido para trabalhar, repleto de ideias, com pessoas “malucas” procurando desenvolver os mais variados tipos de carrinhos que o imaginário de cada um consiga alcançar. Em meio a esse mar de ideias eu me recordo de ter desenvolvido uma miniatura de um caminhão guincho. No intuito de deixá-lo o mais real possível acabei colocando o meu número de telefone na carroceria. Só depois que o Hot Wheels foi para as prateleiras das lojas é que me dei conta do que eu havia feito. As crianças não paravam de ligar para o número. Nunca recebi tantas ligações na minha vida.
 
 

R&C: Você imaginava que um dia essas miniaturas fariam tanto sucesso?
LW: Sinceramente não. O gosto por brinquedos muda bastante. Para vocês terem uma noção eu acreditava que os Hot Wheels faziam sucesso apenas nos Estados Unidos. Estou surpreso com a enorme receptividade dos brasileiros em relação aos carrinhos. Isso me deixa muito feliz. É bom saber que o trabalho que eu desenvolvi com muito gosto durante quarenta anos é reconhecido por milhares de pessoas.

R&C: Onde você busca inspiração para novos projetos?
LW: Em tudo que envolva o mundo automotivo. Televisão, exposições de carros diversos, jornais e principalmente em revistas como Rod & Custom, a qual aliás eu passarei a colecionar.

R&C: Qual foi o projeto que lhe deu mais trabalho para ser desenvolvido?
LW: Projeto em si nenhum. O mais trabalhoso sempre foi a parte legal que envolve a colocação desses carrinhos nas prateleiras. Há quinze anos não tínhamos esse tipo de problema, mas hoje sim e as dificuldades são grandes. Só para se ter uma noção, atualmente existe um departamento só para lidar com a parte legal que envolve a confecção de um Hot Wheels. Uma vez eu desenvolvi uma miniatura do carro da banda ZZ Top. Assim que o carrinho chegou nas lojas, recebemos uma ligação do advogado do grupo dizendo que nós não podíamos ter desenvolvido o projeto em miniatura. E olha que fui eu quem fiz o carro original deles. Algum tempo depois a questão foi resolvida, e nós pudemos comercializar o modelo normalmente.
 
 

R&C: Qual é o Hot Wheels que mais faz sucesso entre os admiradores e qual é o de que você mais gosta?
LW: Os mais vendidos são o Camaro e o Corvette, porém eu prefiro os modelos de carros antigos e aqueles que não existem na realidade. Miniaturas que surgem da imaginação do designer. 

R&C: Em homenagem a sua aposentadoria, a Mattel lançou a série Larry’s Garage. De quantos carrinhos ela é composta?
LW: Ao todo são vinte modelos em cinco cores diferentes. Detalhe: eu mesmo fiz o designer das rodas das miniaturas.
 
R&C: Ao logo dos seus quarenta anos de Mattel você apenas desenvolveu os carrinhos ou se transformou em um colecionador?
LW: Eu também coleciono. Tenho mais de dez mil modelos. Alguns eu deixo em exposição na minha casa, porém a maioria eu mantenho guardada. Entre todos o que mais me chama a atenção é um Camaro cuja pintura é uma mistura das tonalidades preto e branco.

R&C: Como um carro é selecionado para se transformar em um Hot Wheels?
LW: Não existe segredo. Colocamos várias fotos de carros dos mais diversos estilos espalhados pelas paredes do setor de design. Depois disso um grupo de profissionais faz a seleção dos modelos mais interessantes e a partir daí eles começam a se transformar em um Hot Wheels.

R&C: Agora aposentado, podemos dizer que você é uma pessoa realizada profissionalmente? Quais são os seus planos para o futuro?
LW: Sem dúvida. Trabalhei em algo que eu sempre gostei de fazer, ou seja, desenhar e customizar carros seguindo apenas a minha imaginação. Agora que estou aposentado me sinto melhor ainda. Afinal, posso construir meus próprios carros (de verdade) por completo e ainda transformá-los em miniaturas sem nenhuma preocupação. Eis aí os meus planos para o futuro.    

R&C: Você poderia desenhar algum Hot Wheels para a equipe da revista Rod & Custom?
LW: Claro!
 
  
 
O desenho foi feito em apenas 4 minutos, encerrando assim a histórica entrevista com Larry Wood, um dos principais responsáveis pelo fantástico sucesso das miniaturas mais famosas e desejadas do planeta.

Agradecimentos: Inês Kim
Veja outros artigos relacionados:
Larry Wood, o gênio da Hot Wheels
Reprodução de botões
Top 10: Carros antigos mais caros
Porsche: seu passado, em Atlanta, o condena
Miniaturas Maverick Automodelli
HD Rock´n Cycles
 

Adicionar comentário

Banner

Mais vistos

  1. Voyage Quadrado Turbo: 400 cavalos
  2. Volkswagen Fusca 4 portas?
  3. História do Opala - Grande Estréia
  4. Gol 'Quadrado' SLK Kompressor
  5. Maverick GT 1979 - Cavalaria Quente

Visitantes Online

Nós temos 448 visitantes online

Sobre a Street Customs

A Street Customs Editorial produz títulos de qualidade que possam ajudar tanto os aficionados por automóveis customizados e preparados, quanto as empresas e profissionais que tanto trabalham para desenvolver produtos e serviços para este mercado.