Quer obter sucesso na construção de um hot ou street rod? Pois então leia este artigo!

Texto: Cláudia Cardinale
Apesar dos belos hots e streets que a cada edição são apresentados em nossas páginas, da criatividade e da eficiência empregada pelos grandes construtores brasileiros e, principalmente, da satisfação dos proprietários de tais veículos ante aos resultados finais, infelizmente muitos dos nossos leitores só experimentaram o lado inverso (e amargo) dessas experiências.
Tal fato, além de representar a perda de uma grande soma em dinheiro, também contribui para o aumento da ansiedade e do stress dos clientes de muitos “profissionais” do setor. E isso se reflete também, é claro, em propaganda negativa e generalizada, difundida pelas vítimas dos espertalhões, contra as nossas oficinas e o meio rodder de um modo geral.
Assim, para ajudar quem pretende construir seu hot ou tem o sonho de customizar um veículo antigo, resolvemos realizar uma matéria enfocando o assunto. Nosso intuito não é desanimar nossos leitores, mas sim alertá-los, deixando-os mais atentos durante esta árdua tarefa que é a busca por bons profissionais. Em outras palavras, o intuito de Rod & Custom é evitar que os entusiastas caiam nas “arapucas” que, de tempos em tempos, lamentavelmente acabam surgindo no mercado, arranhando a imagem do mesmo.

CUIDADOS BÁSICOS
Procuramos profissionais renomados em cada área envolvida na questão para melhor instruir os leitores. Por tal motivo nossa primeira dica vem de Sinval Leandro Garcia de Rezende, um dos sócios da S.Rezende Advogados Associados, localizado na cidade de São Bernardo do Campo, SP. É ele quem nos ensina como se prevenir na hora de contratar os serviços de uma oficina.
“A primeira coisa é obter informações quanto à idoneidade e o comprometimento do prestador de serviços. Você pode fazer uma pesquisa junto aos órgãos de defesa do consumidor, PROCON e DECON, para descobrir se há processos no Tribunal de Justiça. As solicitações podem ser feitas pessoalmente ou via internet”, explica Sinval.
Mas somente isso ainda não é o suficiente. Procurar uma referência ou indicação de pessoas que já utilizaram a mão de obra do profissional também é muito importante, pois possibilita a averiguação da qualidade do trabalho desenvolvido de forma mais precisa.
Diante da escolha atente-se a outra dica valiosa. “Formalizar um contrato de prestação de serviços por escrito é fundamental. Todo contrato deve ser escrito e ter regras bem específicas. No caso da construção ou customização de um veículo, o mesmo deve conter, obrigatoriamente, o preço, o prazo de entrega e a data de conclusão, além da descrição do serviço a ser prestado de forma bem detalhada, e, se for o caso, a substituição ou restauração de peças devidamente discriminadas. A falta deste documento torna extremamente difícil a comprovação dos fatos contratados caso ocorra à necessidade de socorrer-se ao Poder Judiciário para a efetivação dos serviços”, alerta Sinval.
Na montagem de um carro existem três coisas que o interessado deve ter em mente antes de iniciar o projeto. A primeira delas é definir qual o modelo que ele pretende adquirir. A segunda diz respeito às pessoas que irão usufruir deste veículo junto com ele. Por fim, deve considerar o uso do automóvel, que pode ser diário ou ocorrer apenas em exposições e passeios de finais de semana. Tais medidas, além de facilitar o desenvolvimento do projeto, evitam gastos inadequados por parte do cliente como, por exemplo, no caso do uso de acessórios supérfluos ou na aquisição de componentes para o motor que o levem a desenvolver potências exageradas.
Com relação à oficina, atente-se a organização do local e a limpeza. Converse com clientes que ainda tenham projetos em andamento, para saber a opinião destes quanto ao desenvolvimento do trabalho. Avalie a maneira como os funcionários do local o recebem e se a oficina dispõe de um bom projetista. E, além de um contrato por escrito, exija ainda o cronograma do serviço

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Nunca permita que ‘gambiarras’ sejam escondidas sobre uma casca de massa plástica. Qualquer construção ou customização custa caro e o cliente deve exigir um relatório descritivo do projeto, inclusive com fotos do passo a passo daquilo que foi e do que está sendo realizado no veículo.
No caso de chassis e suspensão, fique atento à qualidade das soldas: as lixadas não costumam ser um bom sinal. Quem se propõe a fazer um chassi deve, antes de qualquer coisa, saber soldar. O desenho e a qualidade de construção também são importantes. A estrutura deve ter a correta rigidez e estar bem alinhada. Ao comprá-la, sempre exija a nota fiscal, pois você precisará dela na hora de licenciar o veículo. Além disso, a escolha correta da geometria é fundamental. Leve pessoas experientes e de sua confiança para conhecer tanto o projeto quanto a oficina escolhida e sempre acompanhe o desenvolvimento dos serviços contratados.
Para quem tem duvidas com relação a pintura do veículo, momento em que muitos hots “ganham vida”, certifique-se que as tintas e vernizes utilizados são realmente de boa qualidade e observe se a superfície do automóvel está limpa antes da aplicação dos materiais. Uma boa sugestão, de um modo geral, é frequentar encontros de automóveis, visitar sites especializados no assunto e ler boas revistas voltadas ao segmento. Agindo desta forma você ficará por dentro das tendências mundiais, algo que contribui bastante para o desenvolvimento de um projeto de grande sucesso.

FIBRA E TORCIDA
Um bom projeto depende de muita pesquisa. Neste caso revistas especializadas no assunto e internet são indispensáveis. Lembre-se: informação nunca é demais. Tenha sempre a humildade de perguntar sobre aquilo que você não sabe ou ainda tem dúvidas. Isso evita desgastes emocionais durante o desenvolvimento do projeto e ainda contribui para o sucesso do mesmo
No tocante aos carros em fibra de vidro é importante salientar que uma boa carroceria exige sempre o uso de resinas Iso ou 10228, especificas para laminação de automóveis. Resinas derivadas de Pet não são adequadas para tal finalidade. E mais: um veículo de fibra de vidro, assim como ocorre com os carros em chapa, também sofre com os efeitos climáticos. Por este motivo revisões periódicas são fundamentais.
Lembre-se: não é o tamanho do galpão que irá dizer se a empresa tem ou não condições de desenvolver um projeto de qualidade, mas obter informações seguras quanto aos trabalhos lá realizados é primordial Além disso, antes de dar início a um projeto defina não só o carro, mas também qual modelo, tipo de acabamento, acessórios e desempenho desejado.
Sempre faça uso de comparações, pois o planejamento é fundamental. Também busque informações sobre o veículo que você pretende construir e os procedimentos para seu desenvolvimento. Visite várias oficinas e demais empresas do ramo para poder analisar as diferenças. Não acredite somente em palavras. A empatia do dono do carro com a oficina ou responsável pelo projeto também deve ser levada em conta.

EXPERIÊNCIAS VIVIDAS
Complementando esta matéria, nós destacamos mais alguns detalhes sobre o assunto, com base em experiências vividas por alguns dos nossos leitores. Confira!
- Prazos muito curtos para a construção de um automóvel complexo geralmente são sinais de problemas. E demorar dois anos para desenvolver um projeto simples também não é normal. Fique atento! Se os pagamentos para o desenvolvimento do trabalho estiverem em dia mas a mão de obra não mostrar o ritmo previsto no cronograma, questione.
- Cuidado com as falsas promessas: oficinas que, quando indagadas de atrasos óbvios, garantem a entrega de algum projeto “no prazo de um mês”, sendo que, em períodos maiores, não desenvolveram nem a metade do que ainda falta ser feito, nestes casos dificilmente a oficina apresentará bons resultados.
- Quando o carro estiver pronto faça uma vistoria dentro da própria oficina, de preferência em um local bem iluminado (e evite fazê-lo à noite). Observe se o serviço está de acordo com o combinado no contrato. Se você não se sentir apto para realizar esta análise, compareça ao local com alguém que realmente entenda do assunto e que seja de sua confiança. Nunca faça essa avaliação dias após o carro estar em seu poder, pois os “profissionais” podem afirmar que eventuais avarias ocorreram depois que o carro saiu da oficina. Quem opta por averiguar o veículo só após este ser entregue em casa por um guincho corre o mesmo risco. Assim, verifique todos os detalhes na oficina e seja criterioso ao extremo, afinal você pagou pelo serviço.
- Carro nenhum deve ter “segredos” para funcionar corretamente. Abra e feche várias vezes as portas e verifique os alinhamentos. Os vãos devem ser lineares, a pintura tem de ser limpa e uniforme. As rodas têm de estar alinhadas e o carro, necessariamente, deve apresentar uma boa dirigibilidade. Jamais economize com os sistemas de freios, suspensão e direção: eles são fundamentais para a sua segurança. Lembre-se que o motor não precisa ter 1000cv para você ter prazer ao dirigir seu Hot, aliás o ideal é você dirigir um carro semelhante ao projeto que pretende construir antes de iniciar o seu, mas ele necessariamente precisa ter um bom sistema de freios quando você precisar dele.
- Verifique a parte elétrica, fazendo a vistoria de todo o sistema, inclusive na caixa de fusíveis. Já vimos casos em que ela estava “escondida” atrás do painel de instrumentos. Assim, no caso da necessidade de substituição de um simples fusível, era necessário desmontar todo o painel do carro.
- Não permita a utilização de chicotes elétricos usados, pois é muito comum princípios de incêndio por conta de fios danificados. Atualmente existem no mercado kits prontos, inclusive nacionais a preços bem convidativos e com excelente qualidade.
- O motor é de muita importância, portanto, fique atento. Como aqui no Brasil não é tão simples a compra de propulsor novo, muitas vezes as pessoas optam por retificá-los. Infelizmente muitas oficinas se aproveitam da ingenuidade dos proprietários e não recondicionam todo o motor, ou pior ainda sequer fazem o serviço pelo qual foram contratadas. Elas apenas lavam, repintam o motor e dizem que o mesmo está perfeito. O ideal é levar o seu motor a uma oficina especializada, e novamente, obtenha referências.
- Não permita que façam “gambiarras”, pois economias momentâneas podem representar grandes prejuízos no futuro. Já vimos carros em que o sistema do pedal de freio era acionado através de um cabo de aço de bicicleta, com a utilização de roldanas. A questão é que o cabo passava por dentro de um furo na carroceria e, com o atrito, já estava prestes a se romper.
- Comprar certas peças usadas pode ser uma tentação, pela grande diferença de preço, mas fique atento, pois muitas vezes o barato pode sair bem caro. Tenha certeza de que certos itens valem muito mais que o dinheiro neles investidos, como por exemplo, sistema de freios e direção.
- A finalização de um projeto também é de extrema importância. Se você decidiu que o carro terá um visual nostálgico não coloque, por exemplo, rodas grandes e cromadas. O mesmo vale para um veículo high tech, que não deve ostentar rodas de ferro e pneus faixa branca. Lembre-se: para garantir um bom resultado não existe nada como uma boa pesquisa. Afinal, em se tratando de hots e streets o leque de opções é sempre muito amplo.
Agora que você já sabe alguns dos mais importantes segredos que envolvem a construção e desenvolvimento de um projeto automotivo, que tal tomar coragem, deixar de lado a posição de mero expectador e se transformar no artífice de mais uma história de qualidade e sucesso? Mãos a obra e boa sorte, quem sabe seu projeto não ilustra uma das próximas páginas da Revista Rod & Custom!