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Hot Rods to Hell

 

 

Apesar de ser um road movie barato, feito sem grande apuro técnico e com interpretações histriônicas, Hot Rods to Hell  se tornou um verdadeiro ícone entre as produções do gênero


Matéria originalmente publicada em Rod & Custom n° 22. Complete a sua coleção: http://www.lojastreetcustoms.com.br/revistas.html


Por: Rogério Ferraresi
Fotos: Arquivo

 

 

Os filmes que exploravam os hot rodders como delinquentes juvenis, muito comuns nos anos 50, foram praticamente esquecidos na década seguinte. Nessa época Hollywood elegeu os motociclistas como a nova juventude transviada, sendo prova disso os “outlaw biker films”como Motorpsycho, The Wild Angels, Devil's Angels, Hells Angels on Wheels, Cycle Savages, Hell's Angels '69, The Born Losers e o emblemático Easy Rider (Sem Destino). Não se tratava, entretanto, de uma grande novidade, considerando que, em 1953, a Columbia Pictures estreou o filão com The Wild One (O Selvagem), produção que foi estrelada por Marlon Brando e Lee Marvin.

 

 

Esse fato, por si só, torna o “exploitation movie” Hot Rods to Hell, dirigido por John Brahm e realizado pela MGM em 1967, uma produção diferenciada. Ela começa com a véspera de Natal da família Phillips, de Boston, Massachusetts, a qual espera que o patriarca Tom (Dana Andrews) chegue para a ceia. Mas ele acaba sendo vítima, com seu Plymouth Fury 1966, de um sério acidente, causado pelo motorista bêbado de um Chrysler Imperial, também de 1966. Tom escapa da morte e, durante a sua recuperação, entende que não poderia mais trabalhar como vendedor, recebendo, então, a proposta de adquirir um hotel na Califórnia. E é ai que começa toda a confusão.

 

 

Decidido a ter uma vida mais tranquila, o protagonista resolve aceitar a oferta e, para conhecer o local, viaja de carro com a esposa Peg (Jeanne Crain) e os filhos Jamie (Tim Stafford) e Tina (Laurie Mock), esta última uma curiosa mistura de Winnie Cooper com Amy Winehouse.  O carro dos Phillips, conduzido por Peg, é outro Fury, mas do modelo 1961, um estranho sedã de quatro portas com o acanhado motor Slant Six de seis cilindros, 261 polegadas e apenas (para seu porte) 145 cv. Tudo parece normal até que um surrado Corvette 1958 vermelho, customizado com faixas e flamas amarelas, surge na estrada correndo contra um Ford Modelo T Roadster 1927 convertido em hot rod, carro sem para lamas e com pintura verde metálica, rodas cromadas e motor V8 de tripla carburação. Já o Chevrolet, sem grade do radiador e parachoque dianteiro, ostenta rodas de liga leve palito, pneus largos e um santantonio improvisado. Utilizando as duas pistas da estrada, os psicóticos “rachadores” surgem rapidamente do nada, causando um enorme susto na família Phillips.

 

 

Peg, para evitar um sério acidente, acaba sendo obrigada a jogar o Fury para o acostamento, dando passagem ao Corvette de Duke, (Paul Bertoya), Gloria (Mimsy Farmer) e Ernie (Gene Kirkland), três jovens delinqüentes a procura de confusão. Os ocupantes do Plymouth, ainda traumatizados com o acidente de Tom, demoram um pouco para se recomporem e, quando isso acontece, decidem sair do carro. Enquanto isso o Corvette e o T-bucket continuam correndo, fazem o retorno no deserto e voltam para pista, mas em sentido oposto. Ao se aproximarem do Fury, Gloria pega uma garrafa e, por pura diversão, atira contra Jamie, enquanto este treinava passes de futebol americano com o pai, quase acertando o garoto.

 

 

 

O trio some na estrada e os Phillips, imaginando terem se livrado deles, resolvem voltar para o asfalto. Nesse meio tempo o Corvette pára no deserto e, para deixar Duke e Gloria a sós, Ernie sai do carro e vai em direção de um posto de gasolina. Ocorre, então, outro susto: o pneu traseiro esquerdo do Plymouth explode e deixa o sedã descontrolado. Naturalmente a família pára outra vez e, depois, encosta no primeiro posto de gasolina que encontra, o qual, é claro, é o mesmo em que está Ernie. Tina chama a atenção do delinqüente e, ao avistá-lo, Tom tenta tirar satisfações, mas é tratado com ironia e depois é ameaçado.

 

 

O dono do posto intervêm, demostrando que a fama de arruaceiro do rapaz já era bem conhecida no local. Tom conta então que havia adquirido o hotel das proximidades e descobre, graças ao frentista, que aquele lugar, devido a existência de uma boate chamada Arena, era o “point” freqüentado por Ernie e seus amigos desajustados. Ao saber disso, enquanto Ernie ouve a conversa, Tom decide que, ao assumir o negócio, fecharia a boate. Depois do pneu trocado o Fury seguiu viagem e, logo em seguida, o Corvette com Duke e Glória chega ao posto. Ernie conta sobre o corrido e, juntos, os três resolvem fazer uma surpresa para os Phillips, “convidando” outros amigos para perseguirem o Fury. Ao chegar em uma localidade habitada, o Corvette volta a perseguir o Plymouth no perímetro urbano. O Chevrolet permanece colado no sedã quando este volta para estrada, quando então surge um Chevrolet Bel Air 1956 cupê, igualmente sem o párachoque dianteiro, que também entra no jogo de gato e rato. Unem-se a eles, na sequência, mais dois hot rods, sendo que a caçada se intensifica até o acerto de contas final entre Tom, Duke e Ernie.

 


Apesar de ser um “filme B”, Hot Rods to Hell, além do histriônico desempenho de Andrews e Crain, tem uma trilha sonora adequada e algumas cenas interessantes, como a apresentação, no Arena, do conjunto de rock Mickey Rooney Jr., filho do famoso astro de Hollywood das décadas de 40 e 50. Ainda no Arena, Duke se senta à mesa e nela se encontra a garrafa de um famoso refrigerante americano. Durante a montagem do filme a marca do produto foi propositalmente escurecida até desaparecer, tendo em vista que o fabricante não deseja ter sua imagem relacionada a delinqüentes juvenis.

 

 

Foi, talvez, o primeiro ato de censura corporativa da história do cinema. A produção foi realizada para passar na TV, quando ainda se chamava “52 Miles to Terror”, mas acabou sendo liberada para os cinemas drive-in, pois os censores da época consideraram a história “muito violenta” para TV. Quando isso ocorreu o título foi alterado e um outro filme, chamado Riot on Sunset Strip, também estreou nos cinemas. O curioso é que, nesse último, Mimsy Farmer era a “moça de família”, enquanto Laurie Mock fazia o papel de delinqüente beatnik. Posteriormente a ABC comprou os direitos de transmissão e colocou o filme no ar em 1968. Depois, a Turner Classic Movies (TCM) o adquiriu em conjunto com um pacote de produções antigas da MGM.

 

 

A razão da retirada dos párachoques do Corvette e do Bel Air era uma tentativa, muito comum nos anos 50 e 60, de diminuir do peso do “bico” do carro para poupar os pneus dianteiros que, por serem muito finos, tinham uma reduzida área de contato com o solo, ao contrário do que ocorria com aqueles instalados na traseira, mais largos para aproveitar a tração dos motores V8. E o conversível do filme, ao que tudo indica, era equipado com um motor 265 V8 small block já com os anéis gastos ou vedadores de válvulas defeituosos, considerando a fumaça que saía do escapamento do Chevrolet em algumas cenas.  Além disso, o ruído do motor do Corvette, acrescentado ao filme após a gravação das cenas, era típico dos esportivos europeus e, provavelmente, “pertencia” a alguma Ferrari ou Maserati. Alias, esta mesma “trilha sonora” foi empregado em Spinout, também de 1967, no qual Elvis Presley era um piloto de carros de corrida. Hot Rods to Hell, último filme dirigido por Brahm, foi praticamente ignorado pelos críticos, mas arrecadou US$ 1 milhão brutos e, com o passar dos anos, se tornou um cult movie entre os hot rodders dos EUA. Nada mal para uma produção barata.

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